quarta-feira, 27 de maio de 2009

CRÔNICA


Calmamente ele retira o envelope da mochila. Voltava do colégio e resolveu aproveitar o tempo que passaria no ônibus para ler a carta que recebera. Era um envelope branco, lacrado com uma etiqueta vermelha, brilhante, que ele procurou abrir com todo cuidado. O colega ao lado ficou curioso, se entreolharam. De dentro do envelope, retirou um papel dobrado, também lacrado. Mais uma vez, retirou com todo cuidado a etiqueta revelando um cuidado e instigando uma curiosidade: o que mereceria tanto cuidado de ambas as partes, do leitor e do remetente?
Finalmente, uma folha de caderno manuscrita. Retirou-a, abriu, desdobrando parte por parte como que receoso em saber o que ali estava escrito. Olhou para o colega e meio que se esquivando do olhar curioso do vizinho começou a ler, informando apenas que recebera de uma garota do colégio, da outra turma. Prosseguiu então a leitura. Por vezes sorria e comentava algo com o colega, ainda que tentando esconder a carta para que ninguém pudesse acompanhar a leitura. Alternava entre o sorriso e uma expressão séria, um olhar compenetrado, como que estivesse preocupado com o que faria com a informação que estava a receber. Uma carta de amor, possivelmente. De confissão de um amor adolescente, desses que se apresenta e a gente não sabe o que fazer, como revelar. Que nos estufa o peito, trava a garganta, ilumina os olhos... A carta foi a maneira que a jovem encontrou para revelar esse segredo. E ele, ali, meio que atônito, sem saber o que fazer com isso que lhe foi endereçado. Não a carta. O amor! A carta, ele, com o mesmo cuidado, devolveu para a mochila. O amor? Bom, esse não pude saber o que foi feito dele. O jovem desceu do ônibus antes que pudesse me dar qualquer pista de como terminaria a estória. O olhar preocupado? Esse permaneceu. Como se não soubesse o que fazer, que caminho tomar, o que escolher. Pensativo continuou, como que lhe pesasse a decisão em como responder ao sentimento. Talvez não estivesse preparado para a notícia. Talvez goste de outra. E como dizer isso a quem nos ama? Dizer que amor não escolhe? É clichê, mas não é a pura verdade? Talvez pensasse em se dedicar a esse sentimento, mas será que valeria a pena? Estaria pronto para a responsabilidade que emana de tamanho sentimento? Não sabia. Como saber, senão tentando?!
Se de fato foi isso que aconteceu, também eu, não sei. Imagino! Não poderei afirmar. Afinal, uma crônica não é simplesmente nosso olhar sobre um fato com o qual nos deparamos?!



segunda-feira, 18 de maio de 2009

VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: "Você tem experiência"? A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado.

"Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar,
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto,
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi Sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro,
Já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no onibus
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as maisdifíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas,
Já subi em árvore pra roubar fruta,
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas,
Já escrevi no muro da escola,
Já chorei sentado no chão do banheiro,
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando,
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado,
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar,
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios,
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso,
Já quase morri de amor,mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua,
Já gritei de felicidade,Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre,mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol,
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos,e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas,momentos fotografados pelas lentes da emoção,guardados num baú, chamado coração.E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:"Qual sua experiência?" .
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? "Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?".


(retirado do blog http://altamirandrade.blogspot.com/)


Perceba quão relativo é o conceito de experiência!!
Todos, invariavelmente, temos sempre algo a ensinar e algo a aprender... Mais importante do que o que fazemos, é o que vivemos... Conhecimentos técnicos, todos podemos ter/adquirir, mas sabedoria, ensinamentos conquistados com a (con)vivência é privilégio de quem vê a vida com outros olhos...

domingo, 17 de maio de 2009

DEUS E EU...



"Nunca vi ninguém viver tão feliz
Como eu no sertão.
Perto de uma mata e de um ribeirão
Deus e eu no sertão...
Casa simplesinha, rede pra dormir,
De noite o show no céu deito pra assistir.
Deus e eu no sertão...

As horas não sei, mas vejo o clarão
Lá vou eu cuidar do chão.
Trabalho cantando, a terra é a inspiração.
Deus e eu no sertão...
Não há solidão! Tem festa lá na vila.
Depois da missa vou ver minha menina.
De volta pra casa, queima lenha no fogão
E junto ao som da mata vou eu e um violão.

Deus e eu no sertão..."

(música "Deus e eu no sertão", Victor e Léo)



Às vezes, a felicidade está mais perto do que pode parecer. E nas coisas mais simples... É clichê, eu sei, mas não custa lembrar. Até porque, a gente está sempre se esquecendo...

sexta-feira, 15 de maio de 2009



“Os seres humanos não nascem de uma vez por todas
no dia em que suas mães lhes dão à luz...
A vida os obriga sempre e sempre a parir a si mesmos.”


Gabriel Garcia Marquez.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O QUE OS OUTROS PENSAM...

Recebi um e-mail de uma amiga que me fez pensar no quê nos impede de alcançar certos objetivos.
Eu, particularmente, como uma boa "fóbica social" (rsrsrs), me importo muito com o fato de "colocar minha capacidade em cheque"... Racionalmente consigo perceber que isso é uma bobagem, mas daí a colocar em prática vai um longo caminho... Porém, já é um passo inicial! Acho que posso ter esperanças de um dia superar isso de vez...
Divido, então, com vocês o texto contido no e-mail. Acho que vão entender o que estou dizendo...

Duas crianças estavam patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou.
A outra, vendo o amiginho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e salvar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino: “Como conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!”
Nesse instante, Albert Einstein passava pelo local e disse: “Eu sei como ele conseguiu!” Todos perguntaram: “Pode nos dizer como?” “É simples.” – respondeu. “Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria capaz!”

Conclusão: preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles.

Vou tentar me lembrar disso antes de me preocupar com o julgamento das pessoas...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

DIVÃ

Se me permitem dar uma sugestão, assistam ao filme "Divã". Estória simples mas profunda; engraçada e emocionante. Um grandalhão sentado atrás de mim gargalhou e chorou com a mesma intensidade...


No fim, uma conclusão tão simples quanto difícil de ser realizada: cada um de nós precisa aprender a lidar com suas próprias irrealizações.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

BUSCA



Ando procurando e ...tenho encontrado! Nem sempre o que procuro, mas encontro.
Procuro realizações, amores e... um MP3 que anda sumido!

Procurando realizar-me, encontrei afazeres e metas a serem cumpridas para atingir o objetivo almejado. Procurando um amor, encontrei novas atividades, amizades e possibilidades... Independente do que procure, encontro sempre comigo mesma!

A pequena lanterna que iluminava o caminho transformou-se num grande holofote que agora lança luz sobre mim mesma. Num mergulho intenso e profundo percebo potencialidades e fraquezas. A alta luminosidade me permite enxergar as teias de aranha que precisam ser removidas, mas também algumas preciosidades esquecidas no fundo do armário. Avancei na consciência de mim mesma e posso trabalhar pra mudar o que não gostei de encontrar.

Já o MP3, este desisti de encontrar...